segunda-feira, 8 de março de 2010

Degustações

lindt-excellence-99-dark-chocolate

Para um apaixonado por chocolate preto como eu, naturalmente, ao deparar-me com um Lindt Excellence 99%, não podia deixar de o experimentar. Inicialmente, fiquei um pouco céptico em relação ao resultado, pois, são poucas as marcas a produzir um chocolate destes.

Apesar da Lindt ter óptimos chocolates, só a gama Excellence é que é reconhecida pelos puristas, pela singularidade e simplicidade dos ingredientes que usa: pasta e manteiga de cacau, cacau em pó e açucar mascavado. Absolutamente mais nada.

Ainda assim, para muitos “connoisseurs" a Lindt não merece estar no seu top10. É um pouco como os críticos de cinema: tudo o que se venda muito e seja do agrado do povo, não gostam. Ainda que, estejam diante de um excelente produto.

Tal como no melhor vinho, ou no melhor café, também no que diz respeito aos “Grand-crus”, ou “vintage chocolats”, à medida que a exigência vai sendo mais elevada, o gosto pessoal de quem experimenta e a influência do “nome da casa” começa a ter peso.

Efectivamente, as marcas “gourmet” de chocolate não aparecem nas grandes superfícies comerciais, por uma questão de prestígio e de direccionamento de mercado. Mas é exactamente por contrariar essa política, que a Lindt é a maior chocolateira a nível internacional e a que apresenta mais vendas dentro do segmento “prestige”.

Além de ser uma marca suiça secular, a Lindt apresenta uma gama invejável, desde aos mais básicos chocolates de leite, pralinés, bombons, até aos mais sublimes chocolates pretos. Tudo isto, a um preço nada proibitivo!
Só para que se veja, consegue-se facilmente comprar 3 tabletes Lindt Excellence, numa grande superfície, ao preço de um único chocolate da “inacessível” francesa Valrhona, exclusivo de casas da especialidade, ainda que com a mesma qualidade, ou melhor, como é o caso do Lindt Excellence 85%, que para muitos, é o melhor chocolate preto que se pode experimentar.

Ora, estar diante de um 99%, conhecendo de antemão a qualidade e as características dos irmãos Excellence 70 e 85%, cria grandes espectativas, mas ao mesmo tempo alguns receios. Parecendo que não, existe um “limite teórico” de percentagem de cacau, ao ponto de um chocolate não se tornar intragável. Ou pelo menos existia na minha cabeça.

Ainda assim, parti para o desafio e não hesitei em experimentar. A primeira impressão é a de que estamos perante mais um Excellence, no entanto, uma observação mais cuidada e uma sensação de leveza, leva-nos a reparar que estamos a adquirir uma barra de 50g, invés das habituais 100gr. Talvez aí já se justifique a “aparente” pouca diferença de preço entre as diferentes gamas. De qualquer forma, a embalagem exterior é em tudo similar às já existentes.

Aberta a embalagem, salta logo á vista que a Lindt não quis enganar ninguém, quando decidiu lançar este chocolate para o grande público. O papel prata foi substituído por um invólucro dourado, provido com uma invulgar recomendação de degustação, advertindo-nos para uma prévia adaptação do palato com um 70%, seguido de um 85%, antes de partir para esta experiência. Caso contrário, a sensação mais provável será a de rejeição ou, em última análise, seremos provavelmente incapazes de o saborear conveniente. Devo dizer que achei estas indicações fantásticas e, só por isso, já merece o meu respeito.

Não há dúvidas quanto à sua qualidade: extremamente escuro, finíssimo e brilhante. A sonoridade que emite ao quebrar é a que se quer num chocolate destes. O impacto inicial é um tanto ao quanto agressivo. O amargo de boca é mais forte que tudo o que tinha experimentado até então, mas não desiludiu, pois era espectável. À medida que vai derretendo, começamos realmente a tirar partido do seu sabor, soltando notas de café e tabaco, numa textura pastosa e amanteigada surpreendente.
Escusado será dizer que, não é chocolate para ser comido à dentada e muito menos em jejum, aliás, como qualquer outro chocolate preto desta gama. É, sem dúvida alguma, um chocolate para provar depois de uma refeição, ou mesmo a acompanhar um vinho licoroso.

Conclusão, é realmente um chocolate com uma abordagem difícil, mas que, com o tempo, se vai tornando muito, muito viciante! Uma obra prima que deve estar à disposição de um verdadeiro apreciador de cacau.

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