quarta-feira, 21 de setembro de 2005

Serenata ao Luar

Deixo aqui a letra da serenata que eu e o R€gi$ cantámos lá em Sagres. Digo "cantámos" e não "fizémos", porque estavam homens presentes e serenatas só se fazem a mulheres.
Assim sendo, aqui fica, para todas as garotas que frequentam o meu blog.

De noite
Com um lindo luar
Alguém ouviu cantar
Sob a sua janela
Foi ver
Quem era o trovador
Que falava de amor
De maneira tão bela

Ouviu
Não sei o que sentiu
Mas creio que sorriu
E vibrou de emoção
Ao ver
Que o gentil trovador
Lhe falava de amor
Nesta linda canção

Eu vi no teu olhar
Um facho de luar
A reflectir no meu
E com o perdão de Deus
Revi nos olhos teus
A luz que vem dos céus
E o bom Deus perdoou
A visão que inspirou
O meu pobre cantar
Pois creio que Jesus
Colheu em ti a luz
Com que fez o luar

Se um dia
Jesus Nosso Senhor
Acabar com este amor
E p'ra si te chamar
De novo
Nesse reino dos céus
Ouvirás junto a Deus
O trovador cantar



Esta serenata está num dos filmes do DVD de Sagres.

Beijocas e Abraços

Gonça


segunda-feira, 12 de setembro de 2005

Cultura Musical....




Desde sempre fui um interessado por música, em todas as suas vertentes. Tive a sorte de crescer num ambiente rodeado de música, proveniente das mais diversas culturas. Não por ter algum familiar músico, pois não o tenho, mas sim em grande parte devido ao facto de os meus pais viajarem muito. Também fui um dos poucos sortudos que teve a possíbilidade de estudar numa escola de música, apesar de somente alguns anos. Digo isto na medida em que, todos sabemos como é escassa, e má, a educação musical leccionada no nosso país. Refiro-me ao ensino público, claro, que ao fim ao cabo fica-se unicamente pelo preparatório. Na melhor das hipóteses, teria sido essa a minha "educação" musical, caso não tivesse tido a sorte de poder estudar numa privada. Devido a tudo isto, e também ao gosto e jeito musical inato, posso dizer que consegui desenvolver alguma capacidade de crítica musical.
Não querendo parecer velho, ou cair tendenciosamente num conflito de gerações ao dizer: "(...) no nosso tempo é que havia boa música(...)", pois esta mensagem já a ouvíamos dos nossos pais, acho sinceramente que, a música que se consome actualmente, piora de dia para dia. Não me refiro obviamente ao facto de se ouvir uma ou outra música de Enapá2000, ou 2 ou 3 músicas de Quim Barreiros, ou eventualmente, passar uma noite de bailarico na terrinha a ouvir Emanuel. Não é a isso que me refiro! Acho que deve haver música para todos os gostos e situações, e quanto mais variedade melhor! Agora.... proporcionar a esse género musical o sucesso comercial, com a agravante do mesmo vir a tornar-se uma preferência dentro dos gostos de toda uma geração... aí sim é que começa a ser preocupante.
É normal que pessoas de baixa instrução, às quais nunca foram proporcionadas novas sonoridades, diferentes ambientes musicais, estilos, e noções de harmonia, achem fantástico tudo o que se vende de música portuguesa numa qualquer feira. Não é compreensível é que os "D'Zert" estejam no top há semanas e que contem já com 5 platinas! Porque isto representa muitos milhares de cd's vendidos por este país fora, e quem os consome são, essencialmente, os putos e pitalhada dos 6, 7, 8 .. até aos 16, 17, 18 anos.
Não fico chocado que os D'Zert tenham 5 platinas, pois se hoje são estes, há uns anos atrás era um outro qualquer aborto. Nós próprios consumíamos muita porcaria quando éramos mais novos. No entanto, soubemos dançar um slow com as amigas nas festas de aniversário, fomos do tempo em que era banal uma banda de garagem, pudémos usufruir da batida do Alcântara-mar; se nos perguntarem por Mata-Ratos, quem foi o Nat King Cole, o Astor Piazzola, Jobim, ou de quem foi o êxito "Pó de Arroz" e, para os mais instruídos, quem foi o compositor de "O Anel dos Nibelungos" ou de "A Fada do Açúcar", talvez saibamos responder.
Quero com isto dizer que, pelo que me dá a entender ( pois, posso e queria estar enganado ), a maioria do pessoal abaixo dos 20 anos é extremamente ignorante a nível musical. E acho que piora de geração para geração!
Não sou nenhum erudito da música e muito menos uma pessoa de vasta cultura, mas acho que fiz por querer saber mais e, pelo menos, procurei instruir-me. Apesar de ouvir de tudo e de gostar de alguns cantores ou grupos mais comerciais/populares, tenho consciência de que aquilo não vale nada, e de que eles são um zero à esquerda, comparativamente com outros, que compõem músicas de dificílima execução, ou de harmonia complexa. Quando não se sabe tocar um instrumento, e não se tem noções básicas de música, tudo parece igual, soa sempre ao mesmo, e qualquer borra-botas é um grande artista. Não há sensibilidade, ou quando há, de uma forma geral é sempre pouco crítica. Acho que é isso que falta à maioria das pessoas: sentido de crítica e um pouco mais de exigência e respeito para com elas próprias.
Se no século XVIII era impensável que Mozart parasse um recital a meio, já nos dias de hoje, um qualquer músico pode perfeitamente parar de tocar porque "está cheio de speed", ou inventar a letra que lhe vem à cabeça, por já não se lembrar do seu original. Mais grave é o público aplaudir e assobiar em êxtase!
É certo que este último não será recordado e interpretado daqui a 3 séculos, e que os génios musicais sempre existiram...e existirão. No entanto, enquanto dantes somente os grandes compositores eram ouvidos, hoje os grandes compositores e executantes são esquecidos no silêncio, para dar lugar às "espécies" mais estranhas e escabrosas que possam existir. E há por aí tão bons músicos!
Se é difícil na gastronomia ter acesso a algumas iguarias; no vestuário, a algumas marcas; no comércio, a alguns produtos exclusivos das classes altas, etc; na música não é difícil ter acesso ao que de melhor se faz em todo o mundo. Está na internet, em qualquer casa de música (actualmente na Fnac já há leitores que nos permitem escutar qualquer cd que queiramos ouvir, sem ter necessidade de chatear o vendedor), em algumas ( poucas) rádios, e alguns canais de televisão.... e de tempos em tempos somos presenteados com alguns espectáculos gratuítos de muito boa qualidade.
A cultura musical é passada de geração em geração, pais para filhos, amigos para amigos, etc, é preciso ser-se estimulado e ter a curiosidade em escutar algo diferente, melhor ou pior, mas diferente. É preciso ser-se exigente, ter um pouco mais de espírito crítico e não engolir e aplaudir tudo o que nos põem à frente.
A música, em todas as suas vertentes, nos dias de hoje, está ao acesso de todos aqueles que a queiram escutar, desde que manifestem tal interesse. Já no que toca a aprender a tocar.... não basta vontade, é preciso paciência, jeito e dedicação.

Tenham bons momentos musicais...

Beijocas e Abraços

Gonça

quinta-feira, 8 de setembro de 2005

Meia de entrecosto????




Calculem que estava eu ontem no restaurante, a escolher o que iria almoçar, e vai daí que reparo num dos pratos do dia: entrecosto! - "Ora aí está!!!" - digo eu. - " É mesmo isto que me está a apetecer!"- Apesar de ser um bocado animal a comer, acabei por pedir 1/2 dose só para mim. Confesso que, por momentos, ainda pensei em pedir mais, pois como todos sabem, entrecosto normalmente é só osso! Mas, para não dar mau aspecto, fiquei-me mesmo por meia dose.

Imaginem agora a minha cara de espanto quando me aparece isto à frente.....


PUUUFFFFFF....!!!!!!!!!!!!

Pois é caros amigos, isto era apenas mais uma das muitas alucinações que tenho tido sempre que vou almoçar a um restaurante cá em Lisboa. Efectivamente todos vocês sabem a origem desta dose única.
-"XIIIUUUU!!!" Nem se atrevam a dizer o nome em voz alta! Este é um daqueles restaurantes que nem na lista telefónica deveria aparecer. Digo mais, durante o ano deveria ser retirada a licença de exploração para não ganhar clientela! Enfim, babo-me de uma maneira que até me torno egoísta.....

....eh pah... não me obriguem a falar na costeleta de novilho, por favor!

Até porque, vem-me logo à cabeça o triste dia em que alguém se lembrou de trocar esse manjar por algo parecido com uma pizza...... até fico com suores frios só de recordar essa opção infeliz!!!!!! Vai um homem dar ouvido a mulheres....

Beijocas e Abraços

Gonça

sexta-feira, 2 de setembro de 2005

A outra margem....



Não é muito difícil percorrer um caminho em linha recta, mas é complicado perceber até que ponto é esse o percurso a seguir. Este pensamento atordoa-me de tempos a tempos. O problema, se calhar, é eu ser um "thinker", como algumas pessoas dizem. Questiono-me frequentemente sobre que caminho seguir, e se determinada rota me levará a bom porto. Gosto de descrever as coisas por palavras. Não tenho efectivamente o dom da oratória, exprimo-me melhor através da escrita. Gosto efectivamente de pensar.... pensar em tudo o que vejo no dia-a-dia, pensar sobre as minhas experiências, pensar sobre os sentimentos.... e observar. Gosto de escrever. Gosto de "falar" com o papel, porque não nos questiona, não nos interrompe, não tem expressão.... apesar de actualmente não o fazer.
Criei este blog exactamente para falar de mim, no entanto não posso escrever aqui tudo o que me vai na alma. Tenho de me conter muito mais do que se estivesse a fazê-lo para um papel. O facto de estar a expor os meus pensamentos na internet leva a que tenha de ter um cuidado redobrado, pois não me interessa partilhá-los com toda a gente. Desta forma, a maneira mais correcta é usar a alegoria e a metáfora. Quem me conhece consegue desvendar o que quero dizer. Desculpem-me os anónimos, mas este texto não é para eles.

A incerteza da vida é como uma ponte coberta de nevoeiro. Às vezes até julgamos poder ver o outro lado da margem... mas rapidamente ela fica difusa e perdêmo-la de novo. Continuamos a caminhar, a caminhar, parte-se uma tábua, caímos, levantamo-nos, olhamos a margem, erguemos o queixo... e lá vamos nós.
É doloroso pensar que nem todas as pontes são iguais. Assumindo que somos nós que as construímos, é intrigante imaginar que as tábuas partidas, pelo menos algumas, são por nossa culpa. A margem pode ficar mais longe, ou mais perto, conforme os nossos actos. Há também as outras tábuas que se vão partindo devido a acções externas e alheias à nossa vontade... e é graças a isso que surge a incerteza na nossa vida.

Às vezes gostaríamos que as coisas seguissem determinado caminho, mas nem sempre isso acontece. Por muito que achemos que é o correcto, quando nos damos conta... parte-se a tábua. Diria que este facto não é dramático, na medida em que, para chegar à outra margem, podemos sempre seguir um trajecto diferente. A questão aqui é quando temos consciência de que esse trajecto não nos deixará na margem que mais nos agrada. É como ser largado de uma ilha, atirado para mar alto num bote, e querer remar de novo para terra. Achamos realmente que aquele pedaço de terra é o sítio certo, mas a corrente impede-nos de voltar para a baía. Podemos sempre dar a volta, subir pelas montanhas e ficar por lá. Certamente também seríamos muito felizes.... mas nós gostaríamos mesmo é que nos deixassem ficar na praia. A nossa relação com aquela baía era forte, a areia era macia, os abrigos eram aconchegantes, as águas, cálidas, confortavam-nos. Tínhamos realmente vivido bons tempos naquele espaço. De um momento para o outro a maré sobe, como que uma tempestade, e quando menos esperamos já estamos a ver a ilha de longe. Sentimo-nos sem rumo. Tinha sido difícil conquistar a praia. Só com muito sacrífio e dedicação se conseguiu ultrapassar as correntes.... e agora vêmo-nos de novo tão longe. Não era isto que tínhamos em mente. Pior que tudo, as correntes estão mais fortes. No nosso bote não conseguiremos voltar. Aguardamos em mar alto...

...passaram dias.....

....meses.....

....pegamos nos binóculos, observamos a ilha..... damo-nos conta que na praia existe um novo habitante. Sem nos termos dado conta as correntes diminuiram numa zona da orla costeira e, o nosso paraíso está de novo habitado. Não da mesma forma, reparamos. Com o tempo a praia voltou a ficar selvagem, já não tem os abrigos de outrora, não parece tão aconchegante... mas com o tempo o novo habitante saberá adaptar-se.

Estamos mal.... a correntes ficaram fortes de novo e a experiência diz-nos que não mudarão nos próximos tempos. Não podemos ficar em mar alto eternamente, é certo. Podemos sempre procurar outra ilha, na medida em que sabemos que na vastidão do oceano existem muitas mais. No entanto, com um bote será complicado ter sucesso. Mas teremos outro remédio? Remamos para outras ilhas e eternamente procuraremos uma praia igual ou melhor? Esperaremos aqui onde estamos até que as correntes acalmem de novo... arriscando-nos a que o novo habitante colonize a praia por completo e depois seja tarde de mais para termos de novo uma vida no paraíso?.... ou contornamos então a ilha e galgamos as montanhas, apostando numa vida nova, sem certezas de felicidade e sem garantias de que, mesmo tentando chegar à praia, esse pedaço de terra já não seja o mesmo?

É complicado perceber que percurso devemos seguir....

Se por um lado sabemos que, se remarmos em busca de outra ilha, certamente conseguiremos achar algo que nos agrade, por outro sentimos que esta ilha é uma parte de nós, e que nesta praia, em particular, seríamos muito felizes, pois ela tinha tudo o que nós queríamos.

Voltamos a questionar-nos: "afinal de contas que caminho seguir?"

Se calhar todos nós revemos um período particular da nossa vida, ou uma situação semelhante, nesta descrição que acabei de fazer. Provavelmente já se questionaram sobre o assunto..... e eventualmente chegaram a uma conclusão. Resta saber se o caminho alternativo colheu bons frutos, ou se, porventura, os frutos que colheram, apesar de bons, ficam aquém dos de outrora.
Há quem conviva bem com isso; há quem inclusive se acomode, ao assumir que, se assim foi, é porque o destino assim o quis.
Eu não acredito muito no destino. Acho que somos nós que construimos a nossa vida. Tudo nela depende das nossas opções e actos, bem como dos tais factores que nos são alheios. No entanto, há determinadas situações que nos fazem pensar sobre isso. Foi uma coincidência? Um acaso? Como é possível determinada situação ter acontecido de forma tão perfeita, sem estar destinada previamente?
Às vezes, 3 segundos de atraso no elevador, leva a que nos encontremos à entrada do metro com um colega que não víamos há muito. Um azar na vida, obriga-nos a mudar de cidade, onde acabamos por encontrar o amor da nossa vida. Um anúncio no jornal leva-nos a tomar uma opção que alterará o nosso futuro completamente, sem o sabermos.
Mais tarde paramos para pensar sobre isto e ficamos sem saber até que ponto não estaria pré-destinado. E se assim aconteceu, porque o foi? E se estava pré-destinado, porque é que de repente tudo se desaba? Deixou de o estar?

Gosto de pensar sobre as casualidades da vida, de certa forma analisá-la, espremer cada momento em busca de respostas. Nem tudo tem de ter resposta, é certo. Há muita coisa que fica por responder, e certamente por questionar.
No dia-a-dia, com o trabalho, com a universidade, com os hobbies, amigos, copos, etc,.... ficamos com muito pouco tempo para analisar a nossa vida, a forma como a levamos, o que queremos para nós, e eventualmente para tomarmos decisões importantes. Há vezes em que até é melhor nem pensar sobre isso. É cómodo. É cómodo não pensar, não falar, não discutir, não questionar; é cómodo comportarmo-nos como os outros, para não ter o trabalho de justificar as diferenças que existem entre todos nós; é cómodo sermos reféns da sociedade e das opiniões; é cómodo não lutar por aquilo em que acreditamos, porque assim "até nem se está mal"; é cómodo deixar andar....
Ao fim ao cabo, muitas vezes o comodismo é a tábua partida na nossa ponte, é o que nos impede de chegar à outra margem, é o que torna o nossa visão difusa, é o que nos leva a tomar as opções erradas.

No fundo, entristece-me saber que "naquela" margem é que seríamos felizes.....

É triste saber que aquela ilha é que tem a praia dos nossos sonhos, e não outra qualquer....

É triste não saber o que fazer...

É triste...


Beijocas e Abraços

Gonça