domingo, 19 de setembro de 2004

Caminhos


foto retirada de Olhares.com

Já não escrevia há algum tempo. Não gosto de o fazer por obrigação, mas sim realmente quando tenho vontade. O que começou por ser um blog que tinha como função falar de mim, e ao mesmo tempo, ser um meio através do qual eu vos poderia dar novidades sobre o que se ia passando na minha vida, rapidamente perdeu esse contexto, na medida em que não teria muita razão de ser........ ou, pelo menos, deixei de lhe dar a conotação de "diário".
É realmente muito difícil manter uma escrita diária, sem cair na futilidade. Por isso, pensei ser mais interessante passar a colocar algo, quando achar que o deva fazer. Hoje é um desses dias...!

Como sabem, estive num casamento. Não é, de certo, novidade! Em determinada altura, pensei pra comigo: " o que será da minha vida daqui a 10 anos? Ou mesmo 5 ? " ......" Que caminho seguirei, e que influência terá isso para a minha vida? " -"Estarei casado? divorciado? solteiro? Feliz?" - fiquei um pouco apreensivo, pois como disse em tempos, os 25 anos "bateram" de uma maneira que só eu sei!
Não sei se alguém mais pensa nisso, com certeza devem pensar, e não sei também, se pensam, de que forma o fazem?...... preocupados? indiferentes? carpe diem? ...... pois é, nem todos tivémos as mesmas vivências e, provavelmente, as metas a atingir também não serão iguais. Mas, com certeza, todos nós temos os nossos planos para o futuro!??..... certo?

Ao ver aqueles noivos a darem o "nó" e a marcarem mais uma etapa importante da sua vida, que é sem dúvida, o casamento, perguntei-me se daqui a uns anos seria eu? Casar-me-ei? Se sim, quando? Terei de o fazer? Se não o fizer, de que forma me sentirei afectado com isso? E os que me rodeiam?
Este velho hábito de convidar uns amigos para comemorar uma "união" não deixa de ser engraçado, mas até que ponto nos é útil? Porque é que as pessoas, pura e simplesmente, não vivem a chamada "união de facto"? Já que não vêm como importante que a sua relação seja abençoada por um padre, porquê fazer o chamado "casamento à civil"?
Ok, não sou parvo de todo, os interesses em termos de direitos cívicos, financeiros, etc, enquanto cidadãos casados, são considerávelmente superiores aos de uma "união de facto"....... mas será somente isso? Quem o faz, não será, muitas vezes, para agradar a família? E porque raio temos nós de agradar a família? Porque razão teremos nós de seguir hábitos e costumes, regras e tradições..... só porque vivemos numa sociedade de vive como tal?

Nascemos, crescemos, educam-nos, começamos a trabalhar, passamos a viver em função do dinheiro, decidimos oficializar uma relação com outra pessoa, isso traz-nos direitos, não ficamos somente para "tios", somos bem vistos na sociedade, trabalhamos uma vida inteira, temos filhos, somos escravos dos filhos, educamo-los, morremos....... repete-se o ciclo.

É este o ideal de vida?

Que caminho escolher? Seguir as pegadas de quem nos precedeu, ou, pelo contrário, viver uma vida de autêntica loucura, experimentando sempre coisas novas, sem nunca seguir os hábitos considerados como "padrão"? Deveria eu viver em Portugal até aos 27 anos, pegar nas trouxas, ir para a Malásia, regressar aos 35, ignorar a necessidade de ter uma casa nova, um óptimo carro, roupas de marca, mulher, filhos, um casamento estável e uma vida profissional exemplar...? Resumindo, fazer vida de nómada, e só "assentar" aos 45??

Ou, pelo contrário, deverei eu acabar o meu curso, trabalhar no duro, casar, filhos, sonhar com uma casa de férias, passeio pela europa com a família numa monovolume ( muito ao estilo de "família feliz"), educá-los, ser escravo do trabalho, envelhecer com os netos, morrer...... e fechar o ciclo?

E pensando eu que tenho 25 anos, que daqui a 5 ( que passa num instante! ) terei 30..... e que supostamente uma namorada minha terá também perto dessa idade..... e que logo, logo, deverei ter o primeiro filho ( ou estarei condenado a não conseguir sequer levá-lo ao Jardim Zoológico sem ser de bengala)........... fiquei um pouco preocupado, porque acho que ainda tenho de viver umas quantas coisas até lá, tenho de acabar um curso, juntar dinheiro, atingir determinados objectivos........... acho melhor começar a aproveitar melhor o tempo, pois a contagem decrescente começou!

Julgo que, normalmente, as pessoas das nossas relações não pensam muito nisso, ou pelo menos não vejo atitudes que demonstrem o contrário. Se calhar ainda não "bateu", ainda não houve aquele "clic", ou quem sabe, para tudo há um relógio biológico que nos condiciona!? Afinal de contas, pra quem pensa casar-se e ter filhos, comprar casa, etc, nos dias que correm, é de todo conveniente que comece a juntar algum dinheiro, que comece a organizar a sua vida nesse sentido, até porque a nossa juventude não dura pra sempre! No entanto, o lema do carpe diem sabe muito melhor, e questionamo-nos diáriamente se não será o mais correcto? Afinal de contas, "sei lá se estarei vivo daqui a 5 anos?"

Houve quem dissesse: " quando um casar, seguem-se todos os outros!" ......... será? Por um lado acho que sim, é normal. Os elementos do grupo começam a afastar-se um pouco, cada um começa a ter a sua vida profissional e íntima, e não há muito tempo para grandes actividades para além das familiares! Os que sobram, não têm outro remédio senão dar o nó..... até porque depois começa a não parecer bem andar solteiro..... " que horror, 33 anos e nunca se casou"....... são comentários habituais muitas vezes feitos pelos mais velhos, mas que não estão ausentes nas cabeças de quem recentemente se juntou a alguém, e constituiu família. Os solteiros, por assim dizer, começam a ficar de lado, até porque as conversas de jovens casais, e pais, começam a andar sempre à volta de fraldas, roupas, mobília da casa,........... e o olhar de lado que começa a ter algumas consequências menos salutares, tais como: " aquela gaja já é mãe, eu estou aqui com 31 anos e nada.....!" - ou quem sabe, algo do género: - "tu quando fores pai vais compreender....", passa a fazer parte do nosso quotidiano.

Ou seja, somos origatoriamente "atirados" contra o destino que também, invariavelmente, nos está traçado: " nascer, reproduzir, morrer". Tudo o resto, pelo meio, são adereços!

Poderão dizer que a minha visão talvez seja um tanto ao quanto simplista, mas o que é certo é que passa pela cabeça de 97% das pessoas casar e ter, pelo menos, um filho. Umas, mais tarde do que outras, mas que calha a todos nós, lá disso não nos livramos. Está-nos nos genes a vontade de deixar descendência! Há quem não tenha sucesso! Outros há, que têm sucesso até de mais! E, ainda há uns quantos, que se fazem de difíceis..... mas lá no fundo, no fundo, em algum momento da vida, terão essa vontade,..... resta saber se atempada, ou não!?

No meio de tudo isto, resta perguntar: que caminho escolhi? Pois, isso até vos digo que é o mais fácil! O que me intriga é: "será uma subida íngreme? Chegarei à meta a tempo"?

E vocês...?


Beijos e Abraços

quarta-feira, 1 de setembro de 2004

Lisboa




A simplicidade desta fotografia levou-me a escolhê-la, tal é o significado que nela está contido, e como é engraçada a representação que cada um pode fazer dela. Para mim esta foto deveria chamar-se " Setembro em Lisboa..."

Os pombos levantam vôo de novo, o eléctrico trás as novidades, e a Sé, por trás, é como que simbolizasse as memórias que ficam de umas férias repletas de histórias para contar!

Agosto é, sem dúvida, o mês de férias por excelência! Dizem também que é a época ideal para andar a visitar Lisboa. Nesta época tudo está calmo, sem grandes confusões, pouco trânsito, os transportes públicos até são "a alternativa" ao automóvel........ mas, confesso-vos, andava já farto de ver esta cidade moribunda. E é por isso que gosto tanto de Setembro!
Podem pensar: " este homem está doido! " - mas não! Gosto da agitação de início de mês, gosto de sair de manhã, ligar o rádio, e sentir que existe alguém vivo do outro lado.... pois tudo deixa de funcionar a "meio gás".
Setembro marca a diferença! É aquele final psicológico das férias, é o regresso das aulas para muitos estudantes, o reencontro de colegas e amigos, as novidades para contar, o reboliço dos exames e das inscrições.... é a agitação de uma metrópole, é Lisboa!

Regressa-se ao trabalho, inicia-se um novo ano académico, pensa-se no Outono que está já aí à porta, no frio, na chuva que há-de cair..... e sente-se o "cheiro" a quotidiano, de novo.
Curiosa esta sensação... quase que chega a ser paradoxal, pensar-se que o regresso à Lisboa caótica possa vir a trazer algum prazer. Na verdade, o prazer é um pouco fruto de alguma dor de cotovelo: " se as minhas férias acabaram.... também acho que já vai sendo altura de acabarem as dos outros!"...... claro q estou a brincar! Realmente, o que me motiva é que, nesta altura, começa um ano novo. Sinto que é aqui que começa o meu ano. Não é em Janeiro, onde tudo está a meio ( as aulas, o trabalho, as férias ainda estão longe,.... ) mas sim agora! Tudo vai começar a partir daqui!
Lisboa vai voltar a ter trânsito, os carros regressam à cidade, os restaurantes voltam a abrir, os bares mudam a decoração, as lojas lançam novas colecções..... a cidade volta a fervilhar. Para mim é sem dúvida uma lufada de ar fresco!

É certo que nem toda a gente pensa assim. Muitos prefeririam a cidade como estava: inerte, abandonada e improdutiva. Eu não. Sinceramente, gosto muito das mudanças que se dão nesta época do ano. Amanhã já notarei a diferença. Usarei, de certo, todo o meu vernáculo no caminho para o trabalho, e terei um dia muito mais complicado do que os da última quinzena.... mas é assim o dia-a-dia em Lisboa. Estarei muito mais feliz....

Beijocas e abraços

Gonça